sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Saúde dos povos indígenas do Brasil

A configuração de saúde e demográfica dos índios brasileiros é uma questão bastante relevante, e de imprescindível conhecimento, para aqueles que lutam e acreditam na possibilidade de um dia vivermos em uma sociedade mais eqüanime. Por isso, aí está um vídeo que explica, em poucos minutos, a situação de saúde destes aproximadamente 215 povos indígenas, culturalmente e lingüísticamente diferenciados. Vale a pena conhecer e lutar!


domingo, 29 de agosto de 2010

Pagu


Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira sabe o que é ser carvão
Eu sou pau pra toda obra, Deus dá asas à minha cobra
Minha força não é bruta, não sou freira nem sou puta
Porque nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é
bunda
Meu peito não é de silicone, sou mais macho que muito homem
Nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone, sou mais macho que muito homem
Sou rainha do meu tanque, sou pagu indignada no palanque
Fama de porra-louca, tudo bem, minha mãe é Maria ninguém
Não sou atriz, modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima
Porque nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é
bunda
Meu peito não é de silicone, sou mais macho que muito homem
Nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone, sou mais macho que muito homem

Rita Lee / Zélia Duncan. Ano: 2008.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

1665


Atualmente estou lendo o livro "Espinosa - Filosofia prática" de autoria de Gilles Deleuze. Neste, o autor faz uma análise sobre as obras de Baruch Espinosa, um filósosfo holandês, ex-judeu, nascido no ano de 1632. Dentre as várias passagens que me chamam atenção no referido livro, esta (que é original do livro de Espinosa "Tratado teológico-político" - 1665) me fez pensar e repensar sobre a religião predominante, nosso sistema político, no sistema político que alguns militantes de esquerda almejam alcançar (não, eu não sou da direita) e no funcionamento da nossa sociedade como era, como ainda é e em como está sendo desenhada a sociedade que ainda será:

"[...] por que o povo é profundamente irracional? Por que ele se orgulha de sua própria escravidão? Por que os homens lutam "por" sua escravidão como se fosse sua liberdade? Por que é tão difícil não apenas conquistar, mas suportar a liberdade? Por que uma religião que reivindica o amor e alegria inspira a guerra, a intolerância, a malevolência, o ódio, a tristeza e o remorso?"


Como a busca por algumas respostas para estas questões me inquietou ao ponto de surgirem na minha mente várias vezes durante o dia de hoje, resolvi compartilhá-las com os demais, torcendo para que na cabeça daqueles que lerem estas indagações, estas também sejam pertubadoras o suficiente para que haja o surgimento de alguma potência, em forma de livre-pensamento, a fim de refletir sobre o que éramos, o que somos e o que queremos ser.


sábado, 24 de julho de 2010

Breakfast at Tiffany's

Como boa cinéfila que sou, sempre busquei assistir a maior quantidade de filmes que fossem possíveis dentro do tempo que tenho disponível. Não diria que tenho um estilo preferido, mas posso colocar que a indústria de cinema norte-americana nunca me atraiu tanto quanto o circuito alternativo de cinema. Entretanto, adoro assistir os filmes que hoje em dia chamamos de "clássicos", e finalmente decidi assistir o tão comentado "Bonequinha de Luxo".

"Bonequinha de Luxo" é tipicamente norte-americano, só que passado em outros tempos. Apesar de ser obviamente um filme sem grande profundidade, ele consegue trazer para quem o assiste uma incrível nostalgia, em muito ajudada pela esperta escolha escolha da música tema, que é "moon river". Faz pensar no charme que as coisas perderam, no romantismo que não existe mais.

O filme consegue tratar de temas pesados como a prostituição e interesses de um modo leve. Truman Capote ao escrever este romance prezou basicamente pela beleza e leveza. Realmente incrível.

Acredito que expor essa opinião só mostra o quanto não devemos ser tão reacionários com nós mesmos, que podemos e devemos quebrar certos preconceitos para enfim podermos apreciar as boas coisas, mesmo que a primeira vista elas não se encaixem no que pré-estabelecemos como sendo nosso padrão.

Aqui vai o trailer original do filme, deliciosamente bucólico, apesar de se passar na velha Nova York dos anos 60.



quarta-feira, 21 de julho de 2010

"O óbvio utópico"
BlogBlogs.Com.Br

Irritação

Depois de algum tempo sem escrever algo, decidi vir aqui para expor a minha irritação com o desconhecimento das pessoas sobre o que é seu. Quando faço esta colocação, me refiro ao fato de perceber que as pessoas só se interessam na maioria das vezes pelo o que é do "outro", seja o país do "outro", a cidade do "outro", etc., etc. Fato comum é conhecermos alguém de outro local que quando questionado sobre os principais pontos turísticos de sua cidade, simplesmente não sabe responder como é pela falta de interesse de entender o que é o seu local.

Essa questão vem me incomodando desde que tive a oportunidade de passar 4 dias em Manaus - AM, por estar participando de um projeto da minha universidade que se situa no meu estado de origem, o Rio de Janeiro. Chegando em Manaus, curiosa como sou, logo quis conhecer alguns locais históricos da cidade. Até aí, normal: uma turista querendo saber o máximo sobre o novo local aonde se encontrava. Atividades e passeios não faltaram: conheci o Theatro Amazonas (aonde descobri o significado do calçadão de Copacabana (?) ), o Centro Cultural dos Povos da Amazônia, e até o fretei um barco com umas amigas para poder ver de perto o lindo encontro dos Rios Negro e Solimões (não só ver, como sentir as águas e a impressionante diferença de temperatura entre ambas). Voltei completamente extasiada. Tudo era lindo! Das diferenças culturais, até a cor do Theatro, que é o tal do rouge francês original.

Ao voltar para o hotel em que estava hospedada, algo começou a mais que me incomodar, começou a me irritar. Digo irritar, porque acredito que a irritação é a força propulsora para as nossas grandes mudanças. O tal "algo" era na verdade um pensamento: como posso voltar ao meu estado, à minha cidade, estufando o peito para falar que fui ao Amazonas e conheço isso e aquilo se deixo de conhecer os meus principais pontos turísticos? Comecei a sentir uma certa vergonha de nunca ter ido ao Cristo Redentor, ao Pão de Açúcar, de nunca ter feito uma visita guiada ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro (sim, existe diferença entre ir a um espetáculo e fazer uma visita guiada no que se refere a conhecer o local), e tantos e tantos outros locais que tenho ao meu lado a hora que quiser.

Voltei decidida a mudar esta situação um tanto vergonhosa em que me encontrava: fui ao Pão de Açúcar (onde o carioca tem direito a pagar metade do preço), fiz uma visita guiada no Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que funciona no belissímo Palácio Tiradentes, comecei a dar mais atenção a bairros e ruas tradicionais do Rio pelos quais passava sem me ater aos detalhes e às nuances, como Santa Teresa e a Rua do Lavradio (Lapa), por exemplo. Amanhã farei uma visita guiada pelo Theatro Municipal e à Biblioteca Nacional. Semana que vem é a vez de um "tour" detalhado pelo Bairro de Santa Teresa, terminando num sambinha esperto logo ali no Largo dos Guimarães. Isso sem falar nas outras regiões do Rio que não o centro.

Ao ir ao Palácio Tiradentes, um dos espaços mais importantes para a política nacional, conhecendo um pouco de sua história e entendendo visualmente vários porquês da nossa história democrática, me questionei sobre a razão de eu, que sou tão apaixonada por política, não ter tido a decência de ter realizado este passeio antes. Sinceramente não consegui encontrar uma resposta que me satisfizesse. Mais uma vez senti vergonha. Vergonha da minha falta de interesse pelo que é meu. Vergonha de algumas vezes supervalorizar o que é do outro, em detrimento do que é meu.

Com tudo isso, finalmente compreendi que esta viagem fez com que eu modificasse uma série de valores, fazendo com que eu me tornasse mais "brasileira", pois consegui finalmente enxergar a beleza do que é o meu país e principalmente da minha cidade. Não que esta valorização do minha cidade de origem tenha imbutido em mim valores etnocêntricos, muito pelo contrário: curou a cegueira dos meus olhos para o que está ao meu lado e curou muitos dos pensamentos atrofiados com os quais eu convivia e nem percebia.




Vídeo: Aquele abraço - Gilberto Gil. Ano:1968.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte

Amor é pensamento, teorema
Amor é novela
Sexo é cinema

Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia

O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval

Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom...
Amor é do bem...

Amor sem sexo,
É amizade
Sexo sem amor,
É vontade

Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes,
Amor depois

Sexo vem dos outros,
E vai embora
Amor vem de nós,
E demora

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval

Amor é isso,
Sexo é aquilo
E coisa e tal...
E tal e coisa...

Amor e sexo - Rita Lee. Álbum: Balacobaco, 2003.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Atenção diferenciada à sexualidade do adolescente


Após assistir a uma mesa redonda no Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), eu comecei a repensar a sexualidade do sujeito adolescente como um direito, que deve romper com a visão reducionista com que a temática é tratada na maioria das vezes. Reducionista no que tange a somente a abordar o sexo visando a prevenção de doenças dentro da conceituação de vulnerabilidade do adolescente, colocando-os como que em uma faixa de risco por sua inexperiência.

Com a promulgação no ano de 1990 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Brasil se igualou com o que havia de mais moderno no mundo nas questões de “sujeitos de direitos” dos adolescentes. O que me faz pensar: se o adolescente é por lei aprovada e regulamentada um sujeito de direito, porque não existem mais locais que divulguem textos, estudos, que coloquem para este grupo a pauta de direitos sexuais?, e, relembrando a riquíssima discussão havida, vêm outra indagação: porque só ver o adolescente como um ser vulnerável, e devido a uma inexperiência, como suscetível a contrair doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e não tentar quebrar alguns paradigmas na tentativa de evoluir e obter maior resolutividade nas ações voltadas para este grupo?

Entendam que não coloco em momento algum que a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis não devem ser abordadas, ao contrário, são de suma importância, mas proponho que se pelo ECA o adolescente é visto como sujeito, e todos os sujeitos implicam questões de subjetividades deve haver menos “questões prontas” como o é simplesmente ensinar a colocar a camisinha, complementando com algo além. Afirmo isto, sem a resposta do que seria este “algo além”. Como expus anteriormente compartilho com os leitores deste texto minhas dúvidas, traduzidas em singelas indagações a respeito do tema, entretanto tenho convicção do que penso, pois se somente esta visão reducionista do saber biomédico tradicional fosse resolutivo não haveriam índices tão significativos de infecção por HIV / AIDS e outras DSTs nesta faixa etária, e não aconteceriam às gestações ditas indesejadas em meninas deste grupo etário.




Além de tudo isso ainda veio mais uma questão possivelmente polêmica: as“gestações ditas indesejadas”. Ao leitor pode soar estranho a palavra “ditas” no meio da frase anterior, já parece um tanto quanto óbvio para o senso comum que toda gravidez na adolescência é de fato indesejada. Será? Em estratos socioeconômicos mais baixos algumas vezes a gravidez é colocada até como um fator de status social dentro de sua comunidade.

A redução do ser é tão grande que o adolescente tende a enxergar sua sexualidade somente dentro dos termos violência, reprodução e heterossexualidade, e quando algum ou alguns destes pontos são confrontados as crises vêm à tona.

Há que ter menos normatização das questões relacionadas à sexualidade, com olhar mais amplo sobre a subjetividade daquele sujeito alvo para que se alcance resultados efetivamente positivos no que toca aos programas voltados para os adolescentes, usando, sobretudo termos que estes sejam capazes de compreender.


Texto escrito no ano de 2008 para monitoria da Disciplina de Promoção à Saúde Mental do Curso de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Música


Depois de um tempo sem aparecer para postar algo no blog, por pura falta de criatividade, resolvi colocar mais uma música. Desta vez algo do Los Hermanos. Pois bem, depois da postagem, como é de praxe, fui visualizar o geral do que já tinha colocado neste espaço. E veja só! Todas as minhas falas estão relacionadas com letras de grandes nomes da música nacional. Compreendi neste momento que a música, pra mim, é mais do que lazer, do que algo que pode me distrair. Entendi que a música faz parte do que eu sou, do que eu sinto e que através dela consigo me comunicar com as pessoas na tentativa de explicar o que eu penso e como lido com algumas questões da vida. Tá aí (!), parece que finalmente consegui encontrar explicação pra um blog que só contém algumas fotos e composições musicais.
Deixo tudo assim
Não me importo em ver
A idade em mim
Ouço o que convém
Eu gosto é do gasto

Sei do incômodo
E ela tem razão
Quando vem dizer
Que eu preciso sim
De todo o cuidado

E se eu fosse o primeiro
A voltar pra mudar
O que eu fiz
Quem então agora eu seria

Ahh tanto faz
E o que não foi não é
Eu sei que ainda vou voltar
Mas eu quem será?

Deixo tudo assim
Não me acanho em ver
Vaidade em mim
Eu digo o que condiz
Eu gosto é do estrago

Sei do escândalo
E eles tem razão
Quando vem dizer
Que eu não sei medir
Nem tempo e nem medo

E se eu for o primeiro
A prever e poder
Desistir do que for dar errado

Ahhh ora se não sou eu
Quem mais vai decidir
O que é bom pra mim
Dispenso a previsão

Ahhh se o que eu sou
É tambem o que eu escolhi ser
Aceito a condição

Vou levando assim
Que o acaso é amigo
Do meu coração
Quando fala comigo
Quando eu sei ouvir

O moço e o velho. Los Hermanos. Albúm: Ventura, 2003.

quinta-feira, 3 de junho de 2010


"Quem me dera, ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
NÃO SER ATACADO POR SER INOCENTE"


Índios. Legião Urbana - Álbum: Dois.


terça-feira, 1 de junho de 2010




















"Diga que me odeia / Mas diga que não vive sem mim/Eu sou uma praga/Maria sem vergonha do seu jardim (...) Toda mulher quer ser amada / Toda mulher quer ser feliz / Toda mulher se faz de coitada / Toda mulher é meio Leila Diniz".

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Saudades imensas dos lugares e das pessoas maravilhosas que conheci esse ano. Andar solto por aí tem desses problemas. Você acredita piamente que só passará pelos lugares e não criará vínculos. Pra que? Quando abrimos os olhos e encaramos a verdade entendemos que é impossível dosarmos as circunstâncias da vida. Envolvimentos efêmeros, amizades e relacionamentos fugazes. Mas tudo bem, faz parte do aprendizado da vida ... como diz aquela música cantada pela amada pimenta da Elis: "Vivendo e aprendendo a jogar / Nem sempre ganhando / Nem sempre perdendo / Mas, aprendendo a jogar".

domingo, 30 de maio de 2010

Metamorfose Ambulante - Raul Seixas

A música que inspirou "a criação" e que a dona deste blog adotou na tentativa de explicar um pouco de como funciona sua mente.



Eu prefiro ser

Essa metamorfose ambulante

Eu prefiro ser

Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo


Eu quero dizer

Agora o oposto do que eu disse antes

Eu prefiro ser

Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Sobre o que é o amor

Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela

Amanhã já se apagou

Se hoje eu te odeio

Amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor

Lhe tenho horror

Lhe faço amor

Eu sou um ator

É chato chegar

A um objetivo num instante

Eu quero viver

Nessa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Sobre o que é o amor

Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela

Amanhã já se apagou

Se hoje eu te odeio

Amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor

Lhe tenho horror

Lhe faço amor

Eu sou um ator

Eu vou desdizer

Aquilo tudo que eu lhe disse antes

Eu prefiro ser

Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha velha velha velha velha

Opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo


Raul Seixas. Álbum: Coleção Eldorado: Se o Rádio Não Toca...