Após assistir a uma mesa redonda no Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), eu comecei a repensar a sexualidade do sujeito adolescente como um direito, que deve romper com a visão reducionista com que a temática é tratada na maioria das vezes. Reducionista no que tange a somente a abordar o sexo visando a prevenção de doenças dentro da conceituação de vulnerabilidade do adolescente, colocando-os como que em uma faixa de risco por sua inexperiência.
Com a promulgação no ano de 1990 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Brasil se igualou com o que havia de mais moderno no mundo nas questões de “sujeitos de direitos” dos adolescentes. O que me faz pensar: se o adolescente é por lei aprovada e regulamentada um sujeito de direito, porque não existem mais locais que divulguem textos, estudos, que coloquem para este grupo a pauta de direitos sexuais?, e, relembrando a riquíssima discussão havida, vêm outra indagação: porque só ver o adolescente como um ser vulnerável, e devido a uma inexperiência, como suscetível a contrair doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e não tentar quebrar alguns paradigmas na tentativa de evoluir e obter maior resolutividade nas ações voltadas para este grupo?
Entendam que não coloco em momento algum que a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis não devem ser abordadas, ao contrário, são de suma importância, mas proponho que se pelo ECA o adolescente é visto como sujeito, e todos os sujeitos implicam questões de subjetividades deve haver menos “questões prontas” como o é simplesmente ensinar a colocar a camisinha, complementando com algo além. Afirmo isto, sem a resposta do que seria este “algo além”. Como expus anteriormente compartilho com os leitores deste texto minhas dúvidas, traduzidas em singelas indagações a respeito do tema, entretanto tenho convicção do que penso, pois se somente esta visão reducionista do saber biomédico tradicional fosse resolutivo não haveriam índices tão significativos de infecção por HIV / AIDS e outras DSTs nesta faixa etária, e não aconteceriam às gestações ditas indesejadas em meninas deste grupo etário.
Além de tudo isso ainda veio mais uma questão possivelmente polêmica: as“gestações ditas indesejadas”. Ao leitor pode soar estranho a palavra “ditas” no meio da frase anterior, já parece um tanto quanto óbvio para o senso comum que toda gravidez na adolescência é de fato indesejada. Será? Em estratos socioeconômicos mais baixos algumas vezes a gravidez é colocada até como um fator de status social dentro de sua comunidade.
A redução do ser é tão grande que o adolescente tende a enxergar sua sexualidade somente dentro dos termos violência, reprodução e heterossexualidade, e quando algum ou alguns destes pontos são confrontados as crises vêm à tona.
Há que ter menos normatização das questões relacionadas à sexualidade, com olhar mais amplo sobre a subjetividade daquele sujeito alvo para que se alcance resultados efetivamente positivos no que toca aos programas voltados para os adolescentes, usando, sobretudo termos que estes sejam capazes de compreender.
Texto escrito no ano de 2008 para monitoria da Disciplina de Promoção à Saúde Mental do Curso de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense.
Depois de um tempo sem aparecer para postar algo no blog, por pura falta de criatividade, resolvi colocar mais uma música. Desta vez algo do Los Hermanos. Pois bem, depois da postagem, como é de praxe, fui visualizar o geral do que já tinha colocado neste espaço. E veja só! Todas as minhas falas estão relacionadas com letras de grandes nomes da música nacional. Compreendi neste momento que a música, pra mim, é mais do que lazer, do que algo que pode me distrair. Entendi que a música faz parte do que eu sou, do que eu sinto e que através dela consigo me comunicar com as pessoas na tentativa de explicar o que eu penso e como lido com algumas questões da vida. Tá aí (!), parece que finalmente consegui encontrar explicação pra um blog que só contém algumas fotos e composições musicais.
Deixo tudo assim Não me importo em ver A idade em mim Ouço o que convém Eu gosto é do gasto
Sei do incômodo E ela tem razão Quando vem dizer Que eu preciso sim De todo o cuidado
E se eu fosse o primeiro A voltar pra mudar O que eu fiz Quem então agora eu seria
Ahh tanto faz E o que não foi não é Eu sei que ainda vou voltar Mas eu quem será?
Deixo tudo assim Não me acanho em ver Vaidade em mim Eu digo o que condiz Eu gosto é do estrago
Sei do escândalo E eles tem razão Quando vem dizer Que eu não sei medir Nem tempo e nem medo
E se eu for o primeiro A prever e poder Desistir do que for dar errado
Ahhh ora se não sou eu Quem mais vai decidir O que é bom pra mim Dispenso a previsão
Ahhh se o que eu sou É tambem o que eu escolhi ser Aceito a condição
Vou levando assim Que o acaso é amigo Do meu coração Quando fala comigo
Quando eu sei ouvir
O moço e o velho. Los Hermanos. Albúm: Ventura, 2003.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
"Quem me dera, ao menos uma vez, Como a mais bela tribo, dos mais belos índios, NÃO SER ATACADO POR SER INOCENTE"
Índios. Legião Urbana - Álbum: Dois.
terça-feira, 1 de junho de 2010
"Diga que me odeia / Mas diga que não vive sem mim/Eu sou uma praga/Maria sem vergonha do seu jardim (...) Toda mulher quer ser amada / Toda mulher quer ser feliz / Toda mulher se faz de coitada / Toda mulher é meio Leila Diniz".